domingo, 28 de julho de 2013

Games The Last of Us


Nesse momento, você já deve ter ouvido falar sobre The Last of Us. Sim, ele é um dos melhores jogos dessa geração. Tecnicamente, mais bonito e brilhante do que todos os títulos para próxima geração que vimos na E3 desse ano. Além de tudo isso, ele mostra que os videogames, como mídia, estão cada vez mais maduros. Mas isso não significa que ele seja perfeito.

The Last of Us, assim como Uncharted, é um dos jogos que mais se aproxima da sétima arte. Seguir a fórmula do bolo de Hollywood, entretanto, acaba tornando The Last of Us mais previsível do que gostaríamos que ele fosse.


A narrativa é consistente do começo ao fim. Inspirado em obras como os filmes Bravura Indômita ou Estrada para a Perdição, The Last of Us mostra o relacionamento entre um adulto e uma criança em situações extremas. Vivendo em um mundo devastado por um vírus que transforma pessoas em seres abomináveis, Joel viu sua filha morrer no início da epidemia. Vinte anos depois, acaba cruzando o caminho de uma jovem que pode ser a cura para toda a humanidade. A partir daí, os dois seguem juntos em uma jornada onde a esperança é a única motivação.

O relacionamento entre Joel e Ellie é construído com diálogos extremamente bem escritos - mas em situações previsíveis. A jornada para levar Ellie até seu destino final é cercada por momentos marcantes e que dão ao jogador uma pequena ideia do que aconteceu com o mundo.

A Naughty Dog provou que é mestre em construir narrativas que se desenvolvem além das cenas não interativas - também muito bem elaboradas a cada ação tomada durante o controle do jogo e desencadeadas em linhas e mais linhas de diálogos. Os personagens são bem construídos e carregam uma carga dramática enorme - ainda que esta seja, às vezes, exagerada para criar situações de emoção.

Chegar ao final da jornada de The Last of Us, no entanto, revela que a proximidade com Hollywood não fez somente bem para o jogo. A linearidade nem deve ser discutida, já que faz parte do espírito do jogo, mas os eventos que constroem as reviravoltas na narrativa são demasiadamente previsíveis. Diferentemente de BioShock Infinite, The Last of Us não nos fez refletir por muito tempo após encerrarmos a história. Por outro lado, os momentos vividos durante o jogo se provaram muito mais importantes que seu desfecho.


Essa superficialidade narrativa é, de certo ponto, decepcionante. Um jogo com uma carga dramática tão grande e personagens tão bem construídos merecia um cuidado maior com o desfecho. Não que seja ruim, mas falha em criar uma reflexão maior que o esperado para um blockbuster de cinema. Assim como os grandes lançamentos de Hollywood, The Last of Us é uma obra para todos os públicos e que, inicialmente, causa ótimas impressões. Mas uma análise mais rígida revela fragilidades e diversas oportunidades desperdiçadas.

E aqui acabam quaisquer críticas que possam ser feitas. Apesar desses “detalhes”, The Last of Us é um espetáculo. Difícil de acreditar que ele rode em um videogame com quase sete anos de idade e prestes a ser substituído. Aliás, nada que vimos rodando no PS4 superou a maestria técnica alcançada pela Naughty Dog.

Cada cenário explorado revela a criatividade e atenção aos detalhes. Encontrar objetos e iniciar um diálogo com Ellie é recompensador para quem vasculha cada centímetro.

O equilíbrio entre ação e exploração é outro elemento de sucesso de The Last of Us. Apesar de não oferecer muitas opções para o jogador se desvencilhar dos inimigos, agir sorrateiramente é um desafio prazeroso – algo essencial em um jogo de videogame. Da mesma forma, os momentos de tiroteio estão seguros pelo ótimo sistema de tiro e cobertura dinâmica.

No geral, jogar The Last of Us é uma experiência agradável e desafiante. Os recursos são limitados e incentivam você a vasculhar e agir furtivamente. A única reclamação adicional que podemos fazer é quanto à dificuldade em se conquistar Troféus. Eles forçam os jogadores a passarem duas ou mais vezes pela história. Uma pena que não há outro incentivo para fazer isso do que encontrar todos os colecionáveis, já que o enredo sempre seguirá os mesmos trilhos.


A modalidade multiplayer é surpreendentemente criativa, misturando elementos clássicos de jogos de tiro como Call of Duty com novidades que se encaixam muito bem com os temas abordados na trama. É uma boa forma de recompensar os jogadores que não querem passar pela história mais uma vez e garantir um ótimo valor agregado ao jogo.

A dublagem em português caiu bem ao game, que por ter muitos elementos cinematográficos, ficou natural com as vozes em nosso idioma. A atuação de Joel é boa, porém contrasta com a oscilante performance de Ellie. Por ser um jogo onde as cenas foram interpretadas pelos dubladores originais, é impossível igualar a qualidade das vozes originais, mas pode-se dizer que o trabalho de dublagem em The Last of Us é satisfatório e mostra o amadurecimento dos profissionais que trabalham com as cada vez mais frequentes localizações.

The Last of Us é tecnicamente perfeito, mas por não se arriscar demais ou por se manter nos trilhos dos blockbusters do cinema, pode acabar frustrando quem esperava por um desfecho mais profundo. Ainda assim, pode ser considerado um dos melhores jogos dessa geração, garantindo aos donos de um PlayStation 3 um enorme motivo para ainda estarem bastante satisfeitos com o console.

PRÓS Tecnicamente impecável; ótimo sistema de combate e tiro; multiplayer divertido; diálogos muito bem escritos.
CONTRAS Narrativa previsível
CONCLUSÃO The Last of Us é forte candidato a jogo do ano, mas deixou escapar a oportunidade de se tornar, quem sabe, o melhor jogo da geração por seguir demais os passos de Hollywood.

FICHA TÉCNICA///

Lançamento: 14 de junho de 2013
Produtora: Sony Computer Entertainment
Desenvolvedora: Naughty Dog
Plataformas: PS3



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