quinta-feira, 25 de julho de 2013

Musica A história da canção “In My Life”

John Lennon já estava tentando escrever canções mais introspectivas havia mais de um ano. Ele estava passando pelo processo de mudança e se aventurando nas canções autobiográficas, deixando de lado as “composições adolescentes”, mas foi só com “In My Life” que John sentiu finalmente ter alcançado seu objetivo completamente e de forma convincente. A canção, que foi gravada em outubro de 1965, começou, de acordo com John, como um longo poema em que ele reflete sobre seus lugares preferidos de infância, fazendo uma jornada de sua casa na Menlove Avenue até o Docker’s Umbrella, a estrada de ferro suspensa que corria pela zona portuária de Liverpool, sob a qual os responsáveis por colocar as mercadorias nas embarcações se escondiam da chuva.


Contratado por Yoko Ono para realizar um inventário dos objetos pessoais de John depois da sua morte, Elliot Mintz se lembra de ter visto o primeiro rascunho da música escrito à mão. Em um rascunho dessa letra desconexa, John citava Penny Lane, Church Road, o relógio da torre, o Abbey Cinema, os galpões do bonde, o café holandês, St. Columbus Church, o Docker’s Umbrella e Calderstones Park. Apesar de ser completamente autobiográfica, John percebeu que não passava de uma lista de lugares e coisas agrupadas que estavam desaparecendo, como os galpões onde estacionavam os bondes, que já não havia mais bondes, e o Docker’s Umbrella tinha sido desativado. “Era o tipo de música para cantar no ônibus sobre ‘o que fiz nas férias’, e não estava funcionando”, afirmou. “Então me deitei e a letra sobre os lugares de que me lembro começou a brotar”.

John então descartou todos os nomes de lugares e criou uma sensação de luto por uma infância e juventude perdidas, tirando o foco de Liverpool e deixando-a universal, falando sobre a morte e a decadência. Era a história de um sujeito durão, que ria dos incapacitados, mas que também era sentimental e emotivo. Durante toda a vida, ele sempre teve uma caixa onde guardava recordações de infância. Mais tarde, John revelou a Pete Shotton, seu inseparável amigo de infância, que quando escreveu o verso de “In My Life” sobre amigos mortos e vivos, estava pensando especificamente em Shotton e no antigo beatle Stuart Sutcliffe, que morreu prematuramente em decorrência de um tumor no cérebro em 1962.

A letra também traz uma semelhança surpreendente com o poema de Charles Lamb, do século XVIII, “The Old Familiar Faces”, onde John pode ter encontrado na antologia de poesia popular Palgrave’s Treasury. O poema começa com:

I have had playmates, I have had companions, In my days of childhood, in my joyful schooldays: All, All are gone, the old familiar faces.

Seis versos depois, é concluído com:

How some they have died, and some they have left me, And some are taken from me; all are departed; All, all are gone, the old familiar faces.

A origem da melodia da canção continua causando polêmica. John afirma que Paul ajudou em alguns trechos. Paul ainda acredita ter escrito tudo. “Eu lembro que ele tinha a letra em forma de poema, e eu criei algo. A melodia, se eu me lembro direito, foi inspirada em The Miracles”, ele conta. Paul provavelmente se refere a “You Really Got a Hold On Me”. Na gravação, o solo instrumental foi executado por George Martin, que gravou o piano pessoalmente e depois tocou em velocidade acelerada para criar o efeito barroco. John achava que “In My Life” era sua primeira obra realmente importante.

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