domingo, 11 de agosto de 2013

Carros Carros de ontem com o preço de hoje

Uns acham que eles estão caros como nunca, e há quem acredite que nunca foi tão barato comprar um automóvel no Brasil.

Pesquisamos os preços dos carros que realmente nos interessam – os esportivos brasileiros, desde o pioneiro Willys Interlagos – e os atualizamos segundo os índices econômicos de correção do Banco Central(mais a ajuda de um economista) para descobrir quanto eles custariam em valores de 2012. Os preços atualizados estão sempre entre parênteses.
Década de 60



O primeiro esportivo do Brasil chegou às lojas em 1962, custando 2,7 milhões de cruzeiros (R$ 117.500) numa época em que as opções eram bastante reduzidas, e o carro ainda um artigo de luxo. O Fusca custava 1,45 milhões de cruzeiros (R$ 70.600) e era o carro de passeio mais barato do país. O Interlagos dividiu o status de esportivo com o Karmann-Ghia, que usava mesma mecânica do Fusca, e que custava quase o mesmo que o concorrente: 2,56 milhões de cruzeiros (R$ 117.449).



O Puma GT “Malzoni” foi lançado em 1967, no mesmo ano em que a Willys encerrava a produção do Interlagos e o Karmann-Ghia recebia mais potência com o motor 1500. O fora-de-série, ainda com mecânica DKW, saía por 1,35 milhão de cruzeiros (R$ 110.621). Como você vai reparar a seguir, os preços destes esportivos de construção artesanal e escala reduzida eram relativamente altos em comparação ao que viria na década seguinte.
Década de 70



O mercado de esportivos começou a esquentar na década de setenta, com a chegada do belo SP2 em 1972 por 30.900 cruzeiros (R$ 84.050). Mesmo sendo bonito, confiável e robusto, eu juntaria uns trocados e pagaria 31.500 cruzeiros (R$ 88.350) pelo Puma GTE, de desempenho e beleza semelhantes.



Se o seu negócio fosse carros maiores e mais nervosos, em 1975 tínhamos o Opala SS, o Maverick GT V8, o Dodge Charger R/T e o Puma GTB. Destes o mais barato era o Opala SS-6, que custava 64.000 cruzeiros (R$ 99.100), enquanto o Maverick cobrava 67.900 cruzeiros (R$ 105.141) por seu V8 302 canadense.



Se nosso colega Juliano Barata quisesse passear de Dodge por aí naquela época, precisaria abrir mais o bolso e desembolsar 82.350 cruzeiros (R$ 127.374) por um Charger R/T, uma bela economia diante do fora-de-série Puma GTB tabelado em 88.300 cruzeiros (R$ 136.650) e que vinha com o mesmo conjunto motriz do SS-6.



Em 1976 a VW finalmente lançou um carro com motor refrigerado a água, muito mais moderno que seu boxer da década de 30 que equipava os “esportivos” SP2, Karmann-Ghia TC e Fusca 1600S. Por isso os 62.300 cruzeiros (R$ 69.520) parecem bastante razoáveis por um fastback alemão naturalizado brasileiro que, se não esbanjava potência, oferecia qualidades de condução incomparáveis para a época.



Quando a Puma lançou o GTB S2 de 380.000 cruzeiros (R$ 169.200) no fim da década, o Charger R/T havia sido transformado em uma versão esquisita do comportado Magnum. Seus rivais Maverick GT e Opala SS tornaram-se esportivos de adesivo com seus motores de quatro cilindros e desempenho limitado. A coisa só voltaria aos eixos na década seguinte.
Década de 80



O mercado de esportivos voltou a esquentar novamente na metade dos anos 80, quando a Volkswagen colocou o motor 1.8 do Santana em um Gol e o envenenou com um comando de válvulas alemão, criando o primeiro Gol GT, de 13.2 milhões de cruzeiros (R$ 59.480). Seu principal rival era o Escort XR3, que não tinha o mesmo desempenho, mas era mais moderno e visualmente idêntico ao modelo europeu. Custava 15,3 milhões de cruzeiros (R$ 69.140) e tinha teto-solar de série. O XR3 conversível chegou um ano depois, quando a inflação levou seu preço a conversível a 72 milhões de cruzeiros (R$ 120.600).



Outra opção interessante, mesmo em fim de carreira, era o Passat Pointer, encontrado por 550.000 cruzados (101.000 reais). Nessa mesma época a VW substituía o Gol GT pelo GTS, que em tempos de loucura econômica e inflação descontrolada era vendido por 523.200 cruzados (R$ 97.600). A Chevrolet participava discretamente do mercado de esportivos com o belo Monza S/R 2.0, de 473.400 cruzados (R$ 88.376).



No ano seguinte a Fiat entrava na briga com o nervosinho Uno 1.5 R, o mais barato deles, custando 1,2 milhão de cruzados (R$ 63.700), e em 1989 o Escort XR3 finalmente ganhava desempenho com o motor AP1800 idêntico ao do Gol GTS, e custava o equivalente a R$ 95.300.
Década de 90



O fim da reserva de mercado também foi o fim dos esportivos carburados. O primeiro da nova geração eletrônica foi o Gol GTi, que entrou na década de 90 embalado pelo potente AP 2000, pronto para encarar o renovado Escort XR3 2.0 e o moderno Kadett GSi. Em um comparativo feito em 1993, o pequeno Volks ganhou na pista e na tabela: custava 307,3 milhões de cruzeiros (R$ 78.600), enquanto Kadett e Escort empatavam, custando 370,5 milhões (R$ 94.700) e 374 milhões de cruzeiros (R$ 95.600) respectivamente.



A economia mais estável em 1994 resultou nos belos duelos entre os aspirados multiválvulas da Chevrolet – Corsa GSi, de 21.500 reais (R$ 76.500) e Vectra GSi, de 39.000 reais (R$ 142.200) – e os turboalimentados da Fiat – Uno Turbo de 22.500 reais (R$ 80.050) e Tempra Turbo 33.270 reais (R$ 118.400).



Depois foi a vez da Volkswagen atualizar seu Gol GTI, primeiro com o velho 2.0 8v e mais tarde com um moderno 2.0 16v trazido da Alemanha. Os modelos se diferenciavam pelas rodas, pela emblemática bolha no capô do modelo multiválvulas e, obviamente, pelo preço: R$ 22.800 (R$ 60.600 em 2013) o GTI 8v e R$ 30.900 (R$ 82.200 em 2013) o GTI 16v.



No fim dos anos 90 o Gol GTI passou a ser produzido apenas com o motor 16v e ganhou duas portas traseiras. A Ford, sempre na lanterna, limitou-se a criar um Escort RS sobre o modelo GL duas-portas, usando saias e spoilers, rodas exclusivas e painel de instrumentos de fundo branco. Custava R$ 25.000 (R$ 62.400 em 2013). A GM seguiu a mesma fórmula, oferecendo um Astra fantasiado por R$ 29.500 (R$ 67.200 em 2013).
Década de 2000



Já nos anos 2000 a Fiat trouxe o Brava HGT , um modelo 1.8 oferecido por R$ 35.114 (R$ 67.100 atualmente) na época do lançamento. Mas o destaque mesmo era o lendário Marea Turbo de 182 cv, que brigava pelo topo da tabela de potência nacional com o também turbinado Golf GTI de 150 cv (potência que mais tarde aumentaria para 180 cv). Em 2003 a Fiat cobrava R$ 57.990 reais (R$ 89.300 em 2013), enquanto o hatch da Volkswagen saía por R$ 62.200 (R$ 96.600 em 2013). Houve ainda o Golf GTI VR6, limitado em 99 unidades, que custava assustadores R$ 105.600 (R$ 162.100 em 2013) e curiosamente entregava quase o mesmo desempenho do GTI turbo.



Talvez para se redimir do Escort RS, a Ford acertou a mão ao colocar o motor 1.6 do moribundo Escort no pequenino Ka. Mesmo com modestos 96 cv ele provou ao país que diversão ao volante nem sempre se mede pela ficha técnica. A brincadeira custava R$ 25.500 (R$ 48.950 em 2013).



Depois de quase 10 anos o Brasil voltava a ter um esportivo fora-de-série: o Lobini H1 foi inspirado nos Lotus e usava o motor 1.8 turbo do Golf GTI. Mais leve e nascido para correr, seu desempenho era bastante superior. Sempre bem caro, custava R$ 170.000 (R$ 218.000 em valores atuais).



Outro esportivo da Fiat foi o Stilo Abarth, que apesar do visual discreto, tinha motorização exclusiva de 2.4 litros, cinco cilindros e vinte válvulas, e recebeu o emblema do escorpião que caracteriza tradicionalmente os esportivos da Fiat. Vinha equipado com tecnologias inéditas em carros brasileiros, mas cobrava R$ 90.450 (R$ 124.300 em 2013) pela conveniência.



Um dos últimos – e melhores – esportivos nacionais foi o Civic Si, que na época de seu lançamento (lá se vão seis anos, galera…) custava R$ 99.000 (R$ 127.800 em 2013) e rivalizava com o decadente Golf GT “Mk 4,5″, que teve sua injeção eletrônica remapeada para render 193 cv com gasolina de alta octanagem. Junto com a potência, o preço também subiu e foi para R$ 90.500 (R$ 116.900 em 2013).

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